A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas. Exibido
na Quinzena dos Realizadores no Festival de Cannes ano passado, Tour de France usa a amizade para falar
sobre preconceito e questões profundas entre pais e filhos. Quarto longa
metragem do ator e diretor Rachid Djaidani,
o filme busca por meio de uma linguagem bastante jovem, com elementos musicais
fortes, reproduzir uma história de afeto e esperança em uma França repleta de descriminação
e preconceito.
Selecionado para o Festival Varilux de Cinema Francês desse
ano, Tour de France conta a história
de Far'Hook (Sadek), um jovem músico introspectivo que arruma confusão com
invejosos outros músicos e acaba tendo que buscar refúgio na casa do pintor Serge
(Gérard Depardieu), pai de seu produtor. Assim inicia-se uma jornada em torno
de uma amizade que vai nascendo e onde as diferenças vão sendo postas aos
poucos de lado conforme vão cruzando parte da França em busca de uma reprodução
de quadros de um famoso pintor.
Os dois lados da moeda. A figura do protagonista,
interpretado pelo rapper Sadek (em seu primeiro papel em um filme), representa
o alcance do preconceito, tanto religioso como social, sua luta durante todo o
longa é buscar seus objetivos descobrindo um novo mundo aos olhos de seu novo e
mais velho amigo. Já Depardieu, em bela atuação, representa a força da amargura
por erros no passado e a figura do preconceito. Durante boa parte do filme,
situações vão fazendo esses dois mundos repensarem o país onde vivem, sejam nas
representações de outras culturas, seja por atos de terceiros. Há uma bela
construção e desconstrução dos personagens, Depardieu nas cenas leva o novato
como um professor de dança ensinando a um aluno sua arte.
As subtramas conseguem um certo alcance dentro da história.
Principalmente a do filho (o produtor de Far’Hook) que não fala mais com o pai
(Serge). Quando conhecemos melhor a história de Serge, o filme cresce e muitas
pontas soltas do roteiro são rapidamente amarradas deixando o filme transbordar
em emoção. Talvez por ter uma linguagem bastante jovem, muito pelo foco
demasiado em alguns momentos captados pelo diretor, o filme demora um pouco a
entrar no ritmo. A variação de tipos de imagens, com câmeras de celulares em
alguns momentos, deixam o filme com uma grande personalidade e originalidade.
Tour de France
entra em circuito no próximo dia 13 de julho, é um filme para se refletir, faz
força em falar sobre como o mundo estão nos dias de hoje, tudo isso pelos olhos
de intrigantes personagens.