26/08/2017

Crítica do filme: 'Na Mira do Atirador'

Só os mortos conhecem o fim da guerra. Voltando aos conflitos oriundos da Guerra dos Estados contra o Iraque anos atrás, o cineasta nova iorquino Doug Liman (No Limite do Amanhã, Sr e Sra Smith) apresenta mais um recorte sobre esse conflito, dessa vez com um cenário e poucos personagens, metidos em uma espécie de batalha mental. Na Mira do Atirador , que estreia essa semana no circuito exibidor brasileiro, coloca em xeque todo o poder norte americano dentro de um campo de batalha, em uma posição de fraqueza, além de várias lacunas em aberto deixadas

Na trama, ambientada já no fim da Guerra do Iraque conhecemos os soldados norte americanos Matthews (John Cena) e Isaac (Aaron Taylor-Johnson), que durante uma inspeção a um lugar suspeito no meio do deserto acabam sendo encurralados por um conhecido sniper iraquiano que trava com eles um terrível e manipulador jogo psicológico, principalmente com Isaac, que se refugia atrás de uma grande parede quase destruída, e após Matthews ser atingido. Assim, ao longo dos intensos 88 minutos de projeção, somos testemunhas de um confronto entre o desespero e a paciência.

Sem muitas apresentações e sendo bastante objetivo, o filme (bastante parecido com o ótimo Mine que não estreou no Brasil) caminha para um drama psicológico e um jogo de gato e rato é instaurado. O preparo mental dos soldados é colocado em jogo a todo instante, mescla de desespero com esperança se embaraçam ao longo de toda essa intensa jornada pela sobrevivência. Aaron Taylor-Johnson se esforça para que seu personagem tenha força em cena, Isaac se desconstrói rapidamente, principalmente quando começa a revelar parte de seu passado em campos de batalha e traumáticos eventos causados por ações dele. Tido como vilão, o atirador iraniano só aparece para o público pela voz marcante e capaz de criar um grande quebra cabeça na mente de Isaac. Esse confronto entre a experiência e a juventude é bastante interessante.


Algumas questões são levantadas pelo lado de lá da parede. Talvez a mais reflexiva: ‘A Guerra já acabou, porque vocês não foram embora?’. Na guerra não existe lado, existe a sua verdade, o seu lado da batalha. O roteiro busca ir a fundo em como pensa um soldado norte americano e seu espírito de sobrevivência. Mesmo conseguindo ser bastante profundo em alguns momentos Na Mira do Atirador perde força no terço final mesmo com seu desfecho surpreendente.