Ficar a sós com o desconforto é uma forma de aprender a se sentir mais confortável? Explorando os inúmeros conflitos em torno de uma reunião familiar para um casamento de uma parente que se tornou distante, Os Odiados do Casamento de forma bem divertida, mesmo derrapando nos clichês, caminha em interessantes reflexões sobre profundos dramas existenciais ao longo de seus 100 minutos de projeção. Dirigido pela cineasta norte-americana Claire Scanlon, em seu segundo longa-metragem na carreira, essa dramédia, baseado na obra homônima do escritor Grant Ginder, é uma boa surpresa no catálogo da Prime Video.
Na trama, conhecemos uma família que por muito tempo ficou
longe, entre os Estados Unidos e a Inglaterra. Assim, conhecemos Donna (Allison Janney) e seus filhos: a mais
velha Eloise (Cynthia Addai-Robinson),
fruto de seu relacionamento com Henrique (Isaach
De Bankolé), e os outros dois Paul (Ben
Platt) e Alice (Kristen Bell), fruto do segundo
casamento. No início os filhos eram muito unidos mas a distância (Eloise mora
na Inglaterra e os irmãos no Estados Unidos) acabou afastando a família gerando
uma série de situações que praticamente romperam a relação forte e poderosa que
tinham. Anos se passam e Eloise vai se casar em Londres e chama a mãe e seus
irmãos para o casamento o que ocasiona em um série de situações onde todos
precisarão enfrentar seus conflitos afim de se entenderem melhor.
A comédia aqui é manipulada por fortes argumentações dentro
dos subtópicos dramáticos que invadem a vida pessoal dos envolvidos. Tem Paul,
um jovem terapeuta morador da Filadélfia, infeliz no trabalho, que passa por
uma fase de muita conversa sobre os rumos dos relacionamentos com Dominic, seu
namorado. Temos Alice uma arquiteta que trabalha como secretária em uma empresa
de tecnologia em Los Angeles que está envolvida com um superior cheio a grana
mas não consegue sair da zona de incômodo por ser a outra já que o seu caso é
casado e tem um filho pequeno. Donna é a mãe que coleciona uma série de conflitos
com toda a família e se vê em total crise num presente cheio de variáveis que
não pode controlar, principalmente a reaproximação com um dos ex-maridos.
Eloise, a noiva, se vê em um caminho de consertar a abrupta ruptura com todos usando
a importância de seu casamento como ponto de reunião familiar.
A narrativa explora com muita eficácia as resoluções das
arestas dos relacionamentos. Seja essa estrada extremamente conflitante ou não.
O passado aqui, mesmo não mostrado, é importante, surgem como pílulas nos
diálogos onde conseguimos rapidamente captar a importância dos conflitos que se
tornam iminentes. O desconforto se torna algo frequente, como se uma porta de
sair da zona de conforto fosse habilitada para ser aberta rumando para o campo
sempre movediço das escolhas.