O silêncio e as percepções do vazio quando a luz no fim do túnel parece distante. No penúltimo dia da 12ª Mostra de Cinema de Gostoso, fui até a Sala Petrobrás - um lugar maravilhoso para assistir a um filme - e lá me deparei com um interessante curta-metragem paulista que me fez refletir sobre seus temas durante todo o dia.
Abordando algumas horas na noite cheia de possibilidades de
uma jovem imigrante brasileira em Lisboa - completamente perdida sobre o futuro
e buscando atalhos para suas soluções nos encontros e desencontros que a vida
coloca em sua frente - Quem se Move busca
encontrar significados no campo das percepções, sem deixar de destacar o
conflito existencial, se aventurando nas possibilidades infinitas da linguagem
e prendendo nossa atenção.
Criando significados por meio de uma montagem dinâmica, a
diretora Stephanie Ricci busca o confronto emocional e o despertar de um estado
de alerta, em uma bela condução narrativa que preenche a tela com
possibilidades. Muitas vezes estático – sustentado também pela atuação
competente da ótima atriz Olívia Torres
– o filme mantém seu clímax constante através de uma tensão interna profunda.
Esse é um assunto que sempre está presente na atualidade: a
imigração. No entanto, a obra não se limita nessa questão, abrindo camadas para
questionamentos sobre propósito e identidade, significados das relações e uma
angustiante percepção do vazio. Um belo projeto.
